Gestação e doenças autoimunes
A gestação é um período de grandes transformações para o corpo da mulher, marcando o início de uma nova fase de sua vida. No entanto, para aquelas que convivem com doenças autoimunes, essa fase pode trazer desafios adicionais. Doenças como lúpus, artrite reumatoide e esclerose múltipla, entre outras, podem afetar não só o bem-estar da gestante, mas também representar riscos para o desenvolvimento do bebê.
É fundamental que as mulheres com doenças autoimunes estejam cientes de como essas condições podem impactar a gestação e como é possível controlar os sintomas de forma segura. Com o acompanhamento médico adequado, mudanças no estilo de vida e tratamentos específicos, muitas mulheres conseguem ter uma gestação saudável, minimizando os riscos de complicações.
Neste artigo, vamos explorar como as doenças autoimunes podem afetar a gravidez, quais os cuidados necessários para controlar os sintomas e evitar complicações, e as estratégias que podem ajudar a garantir o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê. Se você está grávida ou planeja engravidar e convive com uma doença autoimune, continue lendo para saber como proteger sua saúde e a do seu filho.
O que são Doenças Autoimunes e Como Elas Afetam a Gravidez?
As doenças autoimunes são condições nas quais o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo contra invasores como vírus e bactérias, começa a atacar células e tecidos saudáveis do próprio organismo. Isso acontece porque o sistema imunológico não reconhece certas partes do corpo como pertencentes a ele, levando a uma inflamação crônica e a possíveis danos a órgãos e sistemas do corpo.
Existem diversas doenças autoimunes que podem afetar a mulher durante a gestação, como o lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, esclerose múltipla, entre outras. Cada uma delas tem um impacto diferente no organismo, e entender como essas condições se manifestam é crucial para garantir um acompanhamento adequado durante a gravidez.
Principais Doenças Autoimunes e Seus Efeitos Durante a Gravidez
- Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): O lúpus é uma doença autoimune crônica que pode afetar múltiplos órgãos, como pele, rins, coração e articulações. Durante a gestação, mulheres com lúpus têm um risco maior de complicações, como hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro e até aborto espontâneo. O controle adequado da doença antes e durante a gravidez é essencial para reduzir esses riscos.
- Artrite Reumatoide: A artrite reumatoide é uma condição em que o sistema imunológico ataca as articulações, causando dor, inchaço e rigidez. Embora a doença reumatoide muitas vezes melhore durante a gravidez devido ao aumento dos hormônios anti-inflamatórios, algumas mulheres podem ter uma piora dos sintomas no pós-parto. Durante a gestação, é importante manter o controle da inflamação e o acompanhamento médico regular.
- Esclerose Múltipla: A esclerose múltipla é uma doença autoimune do sistema nervoso central que pode causar sintomas como perda de coordenação motora, visão embaçada e problemas de equilíbrio. Durante a gravidez, o risco de surtos da doença pode diminuir, especialmente no segundo e terceiro trimestres, devido à modificação hormonal. No entanto, mulheres com esclerose múltipla devem ter um acompanhamento rigoroso para garantir que os sintomas não afetem a saúde da gestante e do bebê.
- Doenças Autoimunes da Tireoide: A tireoidite de Hashimoto e a Doença de Graves são condições autoimunes que afetam a glândula tireoide. Essas condições podem causar desequilíbrios hormonais, o que, por sua vez, pode afetar a fertilidade e a gravidez. A monitorização dos níveis hormonais da tireoide é fundamental para evitar complicações, como o risco de aborto espontâneo ou parto prematuro.
Como as Doenças Autoimunes Afetam a Gravidez?
Mulheres com doenças autoimunes enfrentam alguns riscos e desafios adicionais durante a gestação. Em muitos casos, o sistema imunológico da mulher pode atacar a placenta ou o feto, o que pode resultar em complicações para a mãe e para o bebê. Algumas dessas complicações incluem:
- Riscos para a mãe: mulheres com doenças autoimunes podem enfrentar um risco aumentado de hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia (uma condição caracterizada por pressão arterial alta e danos aos órgãos), infecções, e até mesmo falência de órgãos em casos mais graves.
- Riscos para o bebê: os bebês podem estar sujeitos a um risco maior de restrição do crescimento intrauterino, nascimento prematuro, baixo peso ao nascer, e até doenças autoimunes transmissíveis de mãe para filho, como no caso do lúpus, onde anticorpos da mãe podem ser transmitidos ao bebê, causando complicações como a síndrome do coração fetal.
A Importância do Acompanhamento Médico Adequado
É essencial que mulheres com doenças autoimunes planejem a gestação com a ajuda de uma equipe médica multidisciplinar. O acompanhamento por um obstetra, reumatologista e outros especialistas é fundamental para monitorar a saúde da gestante e do bebê. Exames regulares, ajuste de medicamentos e mudanças no estilo de vida são parte do cuidado necessário para minimizar riscos e garantir uma gestação saudável.
Antes da concepção, o controle das doenças autoimunes é crucial para reduzir as chances de complicações, e durante a gravidez, é importante realizar monitoramentos periódicos para ajustar os tratamentos conforme necessário. Além disso, cada doença autoimune exige um protocolo específico, por isso o acompanhamento personalizado é imprescindível.
Sintomas das Doenças Autoimunes Durante a Gravidez
Durante a gravidez, as mulheres com doenças autoimunes podem experimentar uma variedade de sintomas, tanto relacionados à gestação quanto às suas condições autoimunes. Embora muitos desses sintomas possam ser semelhantes aos desconfortos típicos da gravidez, é importante que a gestante esteja atenta aos sinais de alerta específicos de uma possível piora da doença autoimune.
Sintomas Comuns das Doenças Autoimunes Durante a Gravidez
- Fadiga Excessiva: A fadiga é um sintoma comum na gravidez, especialmente no primeiro e terceiro trimestres. No entanto, mulheres com doenças autoimunes, como o lúpus ou a artrite reumatoide, podem experimentar uma fadiga ainda mais intensa. Isso ocorre devido à inflamação crônica e ao esforço extra do corpo para lidar com a doença, além das mudanças hormonais da gestação.
- Dor nas Articulações e Musculatura: Mulheres com artrite reumatoide ou outras doenças autoimunes que afetam as articulações podem sentir dor nas articulações e músculos durante a gravidez. Enquanto a gravidez pode, em alguns casos, aliviar os sintomas devido ao aumento dos hormônios anti-inflamatórios, em outras mulheres, os sintomas podem piorar, principalmente no pós-parto.
- Erupções Cutâneas: Algumas doenças autoimunes, como o lúpus, podem causar erupções cutâneas que se tornam mais evidentes ou intensas durante a gravidez. Essas erupções, muitas vezes, aparecem no rosto e podem ser um sinal de que a doença está ativa. Além disso, as mulheres com lúpus podem ter um risco aumentado de apresentar complicações relacionadas à pele durante a gestação.
- Inflamação e Inchaço: A inflamação nas articulações e tecidos também é comum em doenças autoimunes como a artrite reumatoide. Durante a gravidez, essa inflamação pode piorar ou melhorar dependendo do estágio da gestação e dos tratamentos adotados.
- Problemas Gastrointestinais: Algumas doenças autoimunes, como a doença celíaca e a doença de Crohn, podem causar distúrbios gastrointestinais, como dor abdominal, inchaço, diarreia e constipação. Durante a gravidez, as mudanças hormonais podem afetar o funcionamento do sistema digestivo, o que pode agravar os sintomas dessas condições.
Diferença Entre Sintomas de Gravidez e Sintomas de Doenças Autoimunes
É importante que as gestantes com doenças autoimunes saibam distinguir os sintomas comuns da gravidez dos sintomas específicos de suas condições. Por exemplo:
- Enjoos e náuseas são comuns nos primeiros meses da gravidez, mas se forem acompanhados de dor intensa ou inflamação nas articulações, podem indicar uma piora de uma doença autoimune, como a artrite reumatoide.
- Inchaço nas pernas e pés é comum durante a gravidez, especialmente no final, devido à retenção de líquidos. No entanto, se o inchaço for acompanhado de dor intensa, cansaço excessivo e erupções cutâneas, pode ser um sinal de que a doença autoimune está ativa.
Portanto, se a gestante notar qualquer sintoma que pareça fora do comum ou se os sintomas da doença autoimune se agravarem, é fundamental buscar orientação médica imediatamente.
Sintomas que Exigem Atenção Imediata
Alguns sintomas podem indicar complicações graves relacionadas à doença autoimune ou à gravidez e exigem atenção médica urgente. Entre esses sinais, destacam-se:
- Dores de cabeça intensas e visão turva, que podem ser sinais de pré-eclâmpsia ou de um surto da doença autoimune, como no caso do lúpus.
- Dor abdominal forte, que pode indicar problemas renais ou outros órgãos afetados por doenças autoimunes.
- Sangramentos vaginais ou dor intensa no baixo ventre, que podem indicar aborto espontâneo ou outras complicações graves durante a gravidez.
- Falta de ar, inchaço nas pernas e aumento da pressão arterial, que podem estar relacionados a complicações como a eclâmpsia.
A Importância de Monitorar os Sintomas Regularmente
Mulheres com doenças autoimunes devem estar particularmente atentas aos sinais do corpo durante a gravidez. A mudança no padrão de sintomas ou o surgimento de novos sintomas deve ser discutido com o médico para evitar complicações. A monitorização contínua da saúde, por meio de exames e consultas regulares, é essencial para garantir que os sintomas sejam tratados de maneira adequada.
Riscos e Complicações para a Mãe e o Bebê
Quando uma mulher com uma doença autoimune engravida, tanto ela quanto o bebê podem estar em risco de enfrentar complicações. A gravidade dos riscos depende do tipo de doença autoimune, do controle da doença antes e durante a gestação e do acompanhamento médico contínuo. A seguir, vamos explorar os principais riscos e complicações que podem ocorrer durante a gestação em mulheres com doenças autoimunes
Riscos para a Mãe
- Hipertensão Gestacional e Pré-eclâmpsia: Mulheres com doenças autoimunes, como o lúpus, têm um risco aumentado de desenvolver hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, condições que podem resultar em complicações graves, como falência de órgãos, acidente vascular cerebral (AVC) e até a morte. A pré-eclâmpsia ocorre geralmente após a 20ª semana de gestação e é caracterizada por pressão alta e danos a órgãos vitais, como os rins.
- Parto Prematuro: A gestação em mulheres com doenças autoimunes pode ser mais propensa ao parto prematuro. O risco de nascer antes da 37ª semana de gestação é maior, especialmente em doenças como o lúpus e a esclerose múltipla. O parto prematuro pode levar a complicações neonatais, como dificuldades respiratórias e outros problemas de desenvolvimento.
- Infecções: Algumas doenças autoimunes e os medicamentos usados para tratá-las podem enfraquecer o sistema imunológico, tornando as gestantes mais vulneráveis a infecções. Infecções urinárias, respiratórias e outras podem representar sérios riscos à saúde da mãe e do bebê, e o tratamento adequado deve ser iniciado o mais rápido possível.
- Problemas Renais: Muitas doenças autoimunes, como o lúpus, podem afetar os rins. Durante a gestação, os problemas renais podem se agravar, levando à falência renal. Isso representa um grande risco para a saúde da gestante e pode exigir tratamentos especiais, como diálise, dependendo da gravidade.
Riscos para o Bebê
- Restrição do Crescimento Intrauterino (RCIU): A restrição do crescimento intrauterino é uma condição em que o bebê não cresce como esperado no útero, o que pode ser causado pela inflamação crônica associada às doenças autoimunes. Isso pode levar a complicações durante o nascimento, como dificuldades respiratórias e um maior risco de complicações neonatais.
- Nascimento Prematuro: Como mencionado, mulheres com doenças autoimunes têm maior risco de parto prematuro. Bebês prematuros enfrentam muitos desafios, incluindo problemas respiratórios, dificuldades alimentares, e risco aumentado de infecções e outros problemas de saúde. Quanto mais prematuro for o nascimento, maiores as chances de complicações.
- Baixo Peso ao Nascer: As mulheres com doenças autoimunes podem ter maior probabilidade de dar à luz bebês com baixo peso ao nascer. Isso ocorre devido à interrupção do fornecimento adequado de nutrientes e oxigênio para o feto. O baixo peso ao nascer pode afetar o desenvolvimento do bebê e pode exigir cuidados médicos intensivos após o nascimento.
- Síndrome do Coração Fetal: Em casos de doenças autoimunes como o lúpus, anticorpos da mãe podem atravessar a placenta e afetar o coração do bebê, causando uma condição conhecida como síndrome do coração fetal. Isso pode levar a problemas cardíacos graves e exigirá monitoramento constante do bebê durante a gestação.
- Transmissão de Anticorpos Maternos: Mulheres com lúpus ou outras doenças autoimunes podem transmitir anticorpos para o bebê, o que pode resultar em complicações como a síndrome neonatal de lúpus, que afeta a pele, o fígado e o coração do recém-nascido. Embora essa condição seja geralmente temporária, o bebê precisará de monitoramento médico após o nascimento.
Como Minimizar os Riscos para Mãe e Bebê
Embora existam riscos associados à gravidez em mulheres com doenças autoimunes, muitos desses riscos podem ser reduzidos com acompanhamento médico adequado. Algumas estratégias incluem:
- Controle rigoroso da doença autoimune antes e durante a gestação: Manter a doença sob controle com medicamentos seguros e ajustes conforme necessário.
- Acompanhamento médico regular: Consultas frequentes com obstetras, reumatologistas e outros especialistas, além de exames periódicos, como exames de sangue, monitoramento da pressão arterial e ultrassonografias para avaliar o desenvolvimento fetal.
- Planejamento pré-concepcional: Mulheres com doenças autoimunes devem planejar a gestação com antecedência para otimizar a saúde antes da gravidez e discutir as opções de tratamento com seus médicos.
- Medicamentos seguros: O uso de medicamentos durante a gravidez deve ser cuidadosamente avaliado, com a escolha de tratamentos que ofereçam o menor risco possível para a mãe e o bebê.
O risco de complicações durante a gestação em mulheres com doenças autoimunes pode ser elevado, mas com o monitoramento adequado e a gestão da condição, muitas mulheres podem ter uma gravidez bem-sucedida. O acompanhamento médico contínuo e o controle rigoroso da doença são fundamentais para minimizar os riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, garantindo a saúde e o bem-estar de ambos.
Estratégias para Controlar os Sintomas das Doenças Autoimunes Durante a Gravidez
Controlar os sintomas das doenças autoimunes durante a gestação é crucial para garantir o bem-estar da mãe e do bebê. Embora a gestação já traga mudanças no corpo da mulher, o controle adequado das doenças autoimunes pode ajudar a minimizar complicações e melhorar a qualidade de vida da gestante. A seguir, vamos explorar algumas das estratégias mais eficazes para o manejo desses sintomas durante a gravidez.
1. Acompanhamento Médico Contínuo
O acompanhamento médico regular é a chave para controlar os sintomas das doenças autoimunes durante a gravidez. Mulheres com doenças autoimunes devem ser acompanhadas por uma equipe médica especializada, composta por:
- Obstetra: Para monitorar o progresso da gestação e identificar complicações, como hipertensão gestacional, e realizar exames essenciais como ultrassonografias e exames de sangue.
- Reumatologista: Para ajustar os tratamentos e controlar a atividade da doença autoimune, garantindo que o uso de medicamentos seja seguro tanto para a mãe quanto para o bebê.
- Outros especialistas: Dependendo da condição, outros médicos, como nefrologistas ou cardiologistas, podem ser necessários para monitorar possíveis complicações em órgãos específicos afetados pela doença autoimune.
Exames regulares são fundamentais para monitorar a saúde da gestante e detectar possíveis complicações precocemente. Além disso, uma comunicação constante entre os profissionais de saúde garante que o tratamento seja ajustado conforme as necessidades da gestante mudam ao longo da gravidez.
2. Uso de Medicamentos Seguros
Algumas mulheres com doenças autoimunes precisam continuar o uso de medicamentos durante a gravidez para controlar a doença e evitar surtos. No entanto, é essencial garantir que os medicamentos sejam seguros para o bebê. O médico reumatologista será o responsável por ajustar os tratamentos, prescrevendo remédios que tragam os menores riscos para a mãe e o bebê. Alguns dos medicamentos que podem ser usados de forma segura durante a gravidez incluem:
- Corticosteroides: Usados para controlar a inflamação e reduzir a atividade da doença autoimune. Eles devem ser usados com cautela, mas são muitas vezes necessários para o controle da doença.
- Medicamentos imunossupressores: Alguns imunossupressores podem ser seguros em doses baixas durante a gravidez, mas sempre sob orientação médica rigorosa.
- Antiinflamatórios não esteroides (AINEs): A maioria dos AINEs deve ser evitada durante a gestação, especialmente no terceiro trimestre, mas alguns podem ser indicados em situações específicas para controlar a dor e a inflamação.
É fundamental que a mulher com doença autoimune discuta com seu médico sobre qualquer medicamento que esteja tomando e sobre as alternativas seguras durante a gestação. A automedicação é contraindicada, e o médico será o responsável por determinar o tratamento mais adequado.
3. Mudanças no Estilo de Vida
Além dos medicamentos, adotar hábitos saudáveis pode ajudar a controlar os sintomas das doenças autoimunes durante a gravidez e reduzir o risco de complicações. Algumas mudanças no estilo de vida incluem:
- Alimentação balanceada: Uma dieta rica em nutrientes e adequada para a gestação é essencial para o bem-estar da mãe e do bebê. Além disso, alguns alimentos anti-inflamatórios, como peixes ricos em ômega-3, frutas, vegetais e alimentos integrais, podem ajudar a reduzir a inflamação associada à doença autoimune.
- Exercícios moderados: A prática regular de atividades físicas, como caminhadas leves, yoga ou natação, pode ajudar a reduzir a dor nas articulações e melhorar a circulação sanguínea. No entanto, sempre com a autorização do médico, para garantir que os exercícios não sobrecarreguem o corpo da gestante.
- Controle do estresse: O estresse pode agravar os sintomas das doenças autoimunes. Técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda ou sessões de fisioterapia, podem ser extremamente úteis para manter os níveis de estresse baixos e promover o bem-estar emocional.
4. Descanso Adequado e Sono de Qualidade
O descanso é crucial para as mulheres com doenças autoimunes, pois permite que o corpo se recupere da inflamação e do desgaste causados pela doença e pela gravidez. Dormir bem e garantir uma boa qualidade de sono também ajuda a controlar os sintomas, como fadiga e dores musculares. Algumas dicas para melhorar o sono incluem:
- Manter uma rotina regular de sono, indo para a cama e acordando sempre no mesmo horário.
- Evitar alimentos pesados ou cafeína antes de dormir, já que podem interferir na qualidade do sono.
- Usar almofadas ou suportes durante o sono para melhorar a posição e reduzir a pressão nas articulações.
5. Monitoramento e Exames Regulares
Além de monitorar a saúde da gestante, os exames de rotina durante a gravidez, como ultrassonografias e exames laboratoriais, são essenciais para identificar qualquer alteração que possa afetar a saúde do bebê. Em mulheres com doenças autoimunes, o acompanhamento detalhado pode incluir exames adicionais para monitorar a função renal, cardíaca e outros órgãos afetados pela doença.
É importante que a gestante mantenha um histórico médico atualizado e informe seu médico sobre qualquer mudança nos sintomas, para que o tratamento possa ser ajustado conforme necessário.
Com o acompanhamento médico adequado, mudanças no estilo de vida e a utilização de medicamentos seguros, muitas mulheres com doenças autoimunes conseguem controlar seus sintomas durante a gravidez e evitar complicações. A chave para uma gestação saudável é a prevenção e o monitoramento contínuo, garantindo que a saúde da mãe e do bebê seja preservada
A Importância do Planejamento Pré-Concepcional
O planejamento pré-concepcional é uma etapa fundamental para as mulheres com doenças autoimunes que desejam engravidar. Embora a gravidez seja possível para muitas mulheres com essas condições, ter um plano estruturado antes de conceber pode aumentar as chances de uma gestação saudável e reduzir os riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. O planejamento prévio permite avaliar e otimizar a saúde da mulher, além de tomar decisões informadas sobre o tratamento e os cuidados necessários durante a gestação.
Avaliando a Atividade da Doença Autoimune
Antes de engravidar, é essencial que a mulher com uma doença autoimune tenha a condição sob controle. A atividade da doença pode variar de pessoa para pessoa e ao longo do tempo, e uma doença autoimune ativa pode aumentar significativamente o risco de complicações durante a gravidez, como aborto espontâneo, parto prematuro e piora dos sintomas.
Portanto, é importante que a mulher consulte seu reumatologista ou especialista para avaliar a atividade da doença e garantir que esteja em remissão ou controlada antes de tentar engravidar. Se a doença estiver ativa, pode ser recomendado um tratamento intensivo para estabilizá-la antes da gestação.
Ajustando a Medicação para a Gravidez
A escolha dos medicamentos durante o planejamento pré-concepcional é crucial. Alguns medicamentos usados no tratamento de doenças autoimunes podem ser prejudiciais ao bebê, enquanto outros podem ser mais seguros. Durante o planejamento, o médico avaliará quais medicamentos devem ser mantidos e quais devem ser interrompidos ou substituídos por alternativas mais seguras durante a gestação. Alguns exemplos de ajustes incluem:
- Corticosteroides: Podem ser necessários para controlar a inflamação, mas devem ser usados na menor dose possível.
- Medicamentos imunossupressores: Alguns medicamentos imunossupressores podem ser teratogênicos (causar malformações) e devem ser substituídos por opções mais seguras, se necessário.
- Ácido fólico: A suplementação com ácido fólico é sempre recomendada durante o planejamento da gestação, já que ajuda na prevenção de defeitos no tubo neural do bebê.
Além disso, é importante que a mulher discuta com seu médico outras medidas preventivas, como vacinação, controle do peso e otimização do bem-estar geral.
Avaliação de Riscos e Complicações
Durante o planejamento pré-concepcional, é essencial discutir os riscos específicos relacionados à doença autoimune com os médicos. Isso inclui o risco de complicações para a mãe, como hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e problemas renais, além dos riscos para o bebê, como o nascimento prematuro ou a transmissão de anticorpos da mãe.
O planejamento também deve incluir a avaliação de um plano de parto, caso a gestante tenha condições que exigem cuidados especiais no momento do nascimento, como cesárea ou parto induzido.
Suporte Psicológico e Emocional
O planejamento para a gestação deve considerar também o aspecto psicológico e emocional. Mulheres com doenças autoimunes podem enfrentar desafios adicionais durante a gravidez, como preocupações com a saúde do bebê e o impacto da doença. Buscar suporte psicológico pode ser útil para lidar com o estresse, ansiedade e insegurança relacionados à gestação.
O planejamento pré-concepcional é uma etapa essencial para mulheres com doenças autoimunes que desejam engravidar. Ao controlar a doença, ajustar medicamentos, avaliar os riscos e buscar apoio emocional, as gestantes aumentam as chances de uma gravidez bem-sucedida e saudável para si mesmas e para o bebê.
Conclusão: Gestação e Doenças Autoimunes: Um Desafio, Mas Possível de Ser Controlado
A gravidez em mulheres com doenças autoimunes apresenta desafios únicos, mas, com o acompanhamento adequado e a gestão cuidadosa da condição, é possível ter uma gestação saudável e bem-sucedida. O controle da doença autoimune, o uso de medicamentos seguros, o planejamento pré-concepcional e a adoção de hábitos saudáveis desempenham papéis essenciais na redução de complicações e no bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.
Embora a gravidez possa aumentar o risco de complicações para a gestante e para o bebê, o monitoramento contínuo, o apoio médico especializado e o gerenciamento adequado dos sintomas podem garantir uma jornada de gestação tranquila e segura. O mais importante é que a mulher com doença autoimune não enfrente a gravidez sozinha: ela deve contar com uma equipe médica de confiança, que a guiará em cada etapa do processo, ajudando a tomar as melhores decisões para sua saúde e para a saúde do bebê.
Portanto, mulheres com doenças autoimunes que desejam engravidar devem se sentir confiantes de que, com o cuidado certo, é possível ter uma gestação tranquila. A chave para o sucesso está na prevenção, no controle da doença e na preparação cuidadosa, garantindo que tanto a mãe quanto o bebê possam viver com saúde e bem-estar.
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